A
ansiosidade era enorme para a apresentação de uma das maiores
bandas de metal extremo do mundo. Todos já sabiam que os poloneses
iriam “destruir” o Carioca Club juntamente com seus loucos fãs.
Casa lotada e porrada na orelha.
A
apresentação do Behemoth estava marcada para as 19h. Porém,
começou com uma hora e quarenta e cinco minutos de atraso.
Provavelmente os organizadores não se lembraram que o horário
brasileiro de verão começava naquele fim de semana, e não fizeram
nenhum ajuste nos horários. Os outros quarenta e cinco minutos
talvez seriam reservados para uma banda de abertura. Ou simplesmente
se atrasaram.
Durante
esse tempo, os administradores do local deixaram o telão abaixado e
todos (interessados ou não) assistiram o jogo entre Ponte Preta e
Santos. Curioso, já que as pessoas ansiosas para o show, vibravam a
cada jogada da Ponte Preta. Houve uma grande comemoração ao apito
final, parte porque pensávamos que o show começaria logo em
seguida, parte porque a maioria estava torcendo contra o Santos.
Final: Ponte Preta 1x0 Santos.
Depois
que o telão subiu, os roadies apareceram para fazer pequenos
ajustes. Quando a bateria começou a ser testada a euforia tomou
conta do lugar, todos berravam. As luzes finalmente se apagaram. E
acenderam novamente. A impaciência já tomava conta de alguns.
Comecei
a olhar ao redor e reparar algumas coisas: casais se beijando, amigos
bebendo e dando risadas, skinheads, adolescentes, caras irritados e
um grupo de rapazes carregando a cadeira de rodas de outros rapaz
pela escada ao camarote. Todos com um único interesse: metal, muito
metal.
As
luzes se apagaram novamente e logo em seguida Inferno tomou seu lugar
na bateria. Todos gritavam. Em seguida entra Orion, um cara tão
grande que chega a dar medo (risos). Seth caminha com sua guitarra
para seu canto do palco e logo entra Nergal, o mais aclamado, o mais
adorado. Começaria a destruição.
O
ritual pagão começou com a cadenciada Ov Fire And The Void,
impossível descrever tal momento. Todos já estavam indignados com
tamanho esplendor. Em
seguida, só clássicos.
Nem
se pode falar que Conquer All e Christians To The Lions fizeram parte
dos grandes momentos do show, pois este foi por inteiro incrível.
Ao
longo do show, Nergal mostrou porque é tão venerado. Incrível
performance. Presença de palco e vocais monstruosos. Disse ainda que
estava na “Capital do Metal na América do Sul”. De fato, Nergal
é um dos maiores frontman da música.
Quase
no fim, Chant For Eschaton 2000, com seu incrível riff, foi a música
que mais fez com que todos berrassem.
Depois
de pouco mais de uma hora de show e setlist quase perfeito, se
encerra a memorável e histórica apresentação do Behemoth no
Brasil.
Outro
fato curioso, é que logo após os caras deixarem o palco, começou a
tocar um tape, que a maioria pensava ser a introdução de outra
música. As luzes se acenderam e começou a sair uma voz estranha dos
P.A.s, algo do estilo Jason Mars. Era mesmo o fim do show.
Fui
até a grade e vendo que um roadie se dirigia à frente do palco com
um dos papéis do setlist em suas mãos, comecei a gritá-lo. Me
entregou o papel, que neste momento já está em um quadro, junto ao
ingresso.
A
performance dos quatro caras foi espetacular. Orion e Seth que não
paravam de banguear, Inferno detonando a bateria e Nergal sendo
Nergal. Com certeza o melhor show da vida de muitos por ali. Tudo
o que temos a fazer é esperar pelo próximo álbum e mais uma
apresentação do Behemoth por aqui. Além de torcer para que Nergal
se livre do processo que está sofrendo na Europa.
Todos
saíram comentando como foi incrível. Ninguém acreditava no que se passou por ali.
Setlist:
Ov
Fire and the Void
Demigod
Moonspell
Rites
Conquer
All
Christians
to the Lions
The
Seed ov I
Alas,
Lord Is Upon Me
Decade
of Therion
At
the Left Hand ov God
Slaves
Shall Serve
Chant
for Eschaton 2000
23
(The Youth Manifesto)
Lucifer